Monday, June 22, 2009

IRAQUE Cap. 1







I
Bombardeamentos sobre o Iraque
Criando nuvens negras muito acre
Espalhando-se pelo Céu,
Como se fossem um negro véu

II

Na terra,
Como se fossem uma fera
Matando suas vítimas,
Entre as mais íntimas

III

Lá em cima...
Onde os fortes estão contentes
Com bombas mais potentes
Obrigandos à muita esgrima

IV

Em baixo,...
Com sangue, como um rio,
Correndo ladeira abaixo,
Enchendo todos, de um terror frio

V

Na desigual luta,
Onde não há permuta
De armas que um padece
E horrores que acontecem

VI

A desigual força
Posta, então em movimento
Os estrondos da tal força
Cria muitos sofrimentos

VII

Não havendo quem esteja.
Tão farto desta peleja
Como o Sumo da Igreja
Pôr um não que se veja
Para acabar a guerra
Ainda nesta era

VIII

Conhecem o grane trio,
Todos de grande brio
W Buche, Blair e Azinar
A acenarem sem cessar
Lá pró Médio Oriente
Até parece que se mentem
De tudo e mais Porta-aviões
E também com comilões
Que de longe os olham
Na bica do Petróleo

IX

Olhem ainda o pequeno Azinar,
Correndo sem magoar
A libertar Courdos
Fingindo-se de surdo
Esquecendo, porém, dos Bascos
Como se fossem um podre casco

X

Ainda há um torrão
Que pica com seu ferrão
E mais conhecido por Durão
Que faz de bobo a multidão

XI

Que nas Lages recebeu
O trio que por lá apareceu
E depois de breves gargantolas
Foram todos de lá embora

1 comment:

Gloria said...

A NEVE (a)

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim...
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim...

É talvez a ventania;
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento, com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudade, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na natureza...
– e cai no meu coração.


Augusto Gil - Luar de Janeiro, 1909